sábado, 1 de julho de 2017

10 - Visões

Há muitos, muitos anos, muitos polícias alertaram para as dificuldades em cumprirem com as obrigações que nos estão estabelecidas, para que se cumpra o Estado de Direito.
Há muitos, muitos anos, muitos políticos nos dizem que tomaram boa nota das nossas preocupações.
Há muitos, muitos anos que nada acontece! Nada acontece? Não! Não é verdade! 
Há muitos e muitos anos que muitos polícias, homens e mulheres, têm feito das tripas coração para que o Estado de Direito se cumpra. E, como se vai cumprindo, os políticos vão cantando e rindo, fazendo baixa política, gerindo dossiês com jornalistas e representantes (?) sindicais em vez de olharem para os relatórios e memorandos que vão sendo feitos por todos os níveis hierárquicos. Quem nos deveria tutelar não tutela e, consequentemente, ao não tutelar dentro dos canais hierárquicos e técnicos, sobra a especulação jornalísticas, a promessa coxa e grotesca daquilo que não pode ser. 
Poderíamos dizer que é triste. 
Não somos inocentes a esse ponto. 
Dizemos que é grave. 
E basta.
Há uns anos atrás, houve um a invasão de uma Esquadra, perpetrada  por uns inergúmenos e logo um (actual) comentador da CMTV (ex-Ministro da Administração Interna - Rui Pereira) veio a público, sentenciar que não mais quereria uma Esquadra sem pelo menos dois agentes (tá bem ó melga). E ficou feliz. Depois fez uns contratos entre a PSP e uns representantes de populações afectadas de delinquentes (os chamados contratos sociais de qualquer coisa para não resolver coisa nenhuma). E ficou feliz!
No caso do SIRESP, todos nós polícias ouvimos, pelo menos uma vez em cada operação mais delicada, que «esta merda não funciona» e recorremos aos nossos telemóveis. 
As nossas viaturas estão paradas porque a tutela centraliza os contratos e não escuta os Comandos para as melhores opções; idem com: tudo o que se possa imaginar para funcionarmos mínima e condignamente. 
Agora foi o assalto ao armamento em Tancos.
Será que ainda alguém anda iludido? 
Será que os políticos ainda não perceberam que não são as doces palavras, abraços e lágrimas, nem declarações de intenções que põem a máquina a funcionar?
Será que não percebem que tanto o exército (nas suas competências próprias) as forças e serviços de seguranças têm que ocupar o território e dar nota disso?
Será que não percebem que cada vez que fazem alarde em investimento (sempre futuro e incerto) nesses serviços e forças de segurança, essa publicidade é nociva, pois dão conta das nossas fragilidades. 
Será que não percebem, mesmo?
....-se!! que já chateia!!!!!

domingo, 19 de fevereiro de 2017

09 - A Máquina

O Futebol tem "O Sistema", o país "A geringonça", a polícia tem "A Máquina". Uma máquina pesada e ainda assim errante. Uma máquina que triturou (bons) costumes e (boas) tradições. E continua. É uma Máquina que não reconhece e não sabe proteger os seus porque não aponta pistas nem soluções. É uma Máquina enorme que se consome e nos consome. É uma Máquina que os seus aprenderam a desconfiar; a olhar de lado, com apreensão, até. É uma Máquina que nos escrutina constantemente mas não gosta de ser escrutinada. É uma máquina invadida por 'mecanistas' de fato, que não vestem a camisa do facto. Encontra-se por isso a corroer-se a ela própria. Ao sabor dos tempos. É uma máquina que os polícias há muito deixaram de controlar. Com a complacência de todos, mas cada um com a sua cota proporcional. Esta máquina, além de pesada é (muito) perigosa.

sábado, 21 de janeiro de 2017

08 - C. C. C. Contundente

1.ª PARTE:
A entrevista que o Subintendente Jorge Resende, presidente do Sindicato Nacional de Oficiais de Polícia (SNOP) deu ao jornal Diário de Notícias e publicada hoje, sábado, 21 de janeiro, merece ser lida por todos os polícias, políticos e porque não, pelo menos, pelos nossos concidadãos que se interessam por questões de segurança. É uma entrevista arrojada, limpa, sem azedume, objectiva e sem encobrimentos nem proteccionismos de classe. Embora a qualidade a que levou a ser entrevistado seja a de o presidente de um sindicato e que deve lutar pelos seus pares (a de oficiais, mormente os que passaram pela Escola Superior de Polícia, agora denominado Instituto de Ciências Policiais e Segurança Interna), o Subintendente Resende apresentou-se como um oficial lúcido, com sentido de missão e com uma visão correcta e concreta da condição de polícia. Difícil fazer melhor. Foi claro, curto, conciso e contundente.
(http://www.dn.pt/portugal/interior/e-admissivel-policias-municipais-com-mais-agentes-do-que-a-divisao-da-amadora-5618957.html)

2.ª PARTE:
Por outro lado, também hoje, 21 de janeiro, o jornal PÚBLICO divulga dados da Inspecção Geral da Administração Interna (IGAI) onde revela que houve mais de 700 queixas contra polícias. Não pondo em causa os números, sempre perguntaremos: dessas queixas quantas tiveram uma conclusão desfavorável, aos polícias, em sede judicial?
Era uma resposta que também gostávamos de ver no estudo, e plasmada em título de jornal, de uma forma clara, curta, concisa e contundente.
(https://www.publico.pt/2017/01/21/sociedade/noticia/em-2016-houve-mais-de-700-queixas-contra-as-policias-1759095)

sábado, 14 de janeiro de 2017

07 - O Azorrague dos Polícias

Duma maneira mais ou menos cíclica, a Polícia de Segurança Pública, com intenção ou não, estamos para saber, nas suas ténues tentativas de crescimento, cria situações que parecendo que vão solucionar problemas, amplia-os. Obviamente que estamos a falar de concursos. Concursos que vão levar à nomeação a postos superiores (e não a promoções como se diz à boca erradamente cheia, desculpem-nos o preciosismo mas não é a mesma coisa!). Concursos que (não) surpreendentemente estão eivados de reiteradas práticas que levam aos desatino não só pessoal como institucional. Por outro lado, a serenidade que deveria haver junto de quem se candidata, antevendo as esperadas manobras de bastidores, esvai-se. As organizações representativas de classe imbicam para ameaças passadas, presentes e futuras. De fora, quem nos vê não nos compreende e, apesar de tudo, cada um, individualmente, vai fazendo chegar os seus papéizinhos de candidatura na esperança que lhe venha a calhar qualquer coisa, enquanto em grupo mostra o desagrado pela situação, seja ela qual for. Como não há solução à vista para tanta bronca, para concluir, gostaríamos aqui de propor a aquisição um novo artigo de equipamento policial e que eventualmente nos faz mais falta do que qualquer outra: o AZORRAGUE.