terça-feira, 29 de dezembro de 2015

03 - Milhões


Neste final de ano fala-se de milhões. Não só dos milhões que vamos ficar a arder com o Banif, mas dos milhões das operadoras de comunicações que irão (será que vão?) endossar aos clubes, aos grandes clubes, de futebol. E, como se fala em futebol, obrigatoriamente se fala em segurança; quando se fala em segurança, vem logo a seguir a palavra policiamento e, quando se fala neste, fala-se de serviços  remunerados. Quando se fala nisto tudo, fala-se em recursos humanos e material de apoio. Pois numa altura em que se fala de milhões, é preciso, certamente, ter em conta os custos associados aos serviços que  PSP presta nesta componente (quase) privada, e ao mesmo tempo pública que é a segurança. A segurança que é pública, mas prestada diretamente a uma entidade privada. Se falarmos dos serviços remunerados, assim, só sem mais, verifica-se que os clubes, até agora têm passado ao lado das despesas reais dos mesmos, ou seja, os clubes estão convencidos que nos pagam, que ainda nos fazem um favor, quando na verdade estão muito longe de chegar ao preço real. Para os mais distraídos é preciso lembrar o seguinte:
1. A Unidade Especial de Polícia (UEP) está em todos os jogos de risco elevado, para além de outros cuja presença também é solicitada. Pergunta-se: quanto é que os clubes pagam à PSP? Resposta: zero euros. É isso mesmo! Disponibilizamos recursos humanos e logísticos e não pagam nada!!!
2. Mesmo quando os clubes pagam aos elementos de folga (os que fazem o serviço remunerado), há uma grande parte de serviços operacionais e de apoio que são feitos com pessoal que não integra a lista do pessoal dos serviços remunerados e que vê, por necessidades logísticas e operacionais, as folgas cortadas. Como consequência, haverá, num momento certo e futuro, a PSP a ter que compensar, em horas, os elementos que deixaram de as gozar, com a consequente retirada de elementos da rua. (Por muito que se negue, é o que realmente acontece).
3. Todo o serviço administrativo, desde a entrada do requerimento para o tal serviço remunerado, até à escala final do policiamento de futebol, é feito a custo zero, ou seja, usamos o pessoal, os computadores, o papel, a luz, a água, etc., tudo a custo zero para os clubes.
Com tanto milhão a ser entregue aos clubes, está na hora da Polícia se meter a caminho e mudar o paradigma, seguindo a velha norma de que "quem quer palhaços vai ter que os pagar", coisa que até ao momento os clubes têm fingido fazer.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

02 - Triple A

Quase a finalizar o ano de 2015, os nossos votos para 2016, para além de tudo o que se deseja nesta época, é que as forças de segurança em geral e a PSP em particular, sejam sinónimo de um Triplo A.
ATITUDE
Que os quadros que superintendem tão grande e importante corporação como a PSP, consigam demonstrar junto de todo o leque social, político, e jurídico, que temos uma dinâmica vencedora, positiva e objetiva. Que sabemos o que não queremos e sabemos muito bem o que queremos. Não nos podemos deixar e sujeitar a tudo aquilo que, muitas vezes feito em cima dos joelhos, em nome não se sabe lá de quê, serve de solução a imbróglios de terceiros que, definitivamente, não servem a PSP nem às populações a quem dedicamos o nosso saber servir.
AUTORIDADE
Com Atitude, ganhamos Autoridade. A Autoridade necessária, não a meramente formal. Somos o ponto chave da segurança, mas parece que só se lembram que existimos quando precisam de nós; e não estamos propriamente a falar da população em geral. Nós, Polícias, porque temos um valor intrínseco, qualquer avaliação que nos façam em função de um qualquer objetivo mal delineado e não acolhido por nós, será sempre falaciosa. Por isso temos que nos impor. Caso contrário, continuaremos a ser peões de brega duma tourada cujos cornos do touro ficarão sempre enterrados nas nossas costas.
AUTONOMIA
Definitivamente, não podemos continuar a ter autonomia administrativa, e a parte financeira ficar de tal maneira estrangulada que não se pode decidir nada sem que passe por meia dúzia de mangas de alpaca que de polícia e do seu espírito de corpo pouco saberão. Não faz sentido. Os orçamentos têm que ser pensados dentro das organizações e sujeitos a escrutínios extemos de acordo com as regras da República. Deveremos ser nós a definir a calendarização das admissões de agentes, abertura de concursos, aquisição de material apropriado à função entre outras. A PSP deverá ter autonomia para pensar, para poder pensar, a curto, médio e longo prazo. Estarmos sujeitos a uma vontade ministerial, conjuntural, não anteriormente precavida e ponderada não nos leva a lado nenhum. Por isso é que temos os recursos humanos que temos, as instalações que temos, as viaturas que temos, as fardas que temos, entre outras anomalias.

sábado, 12 de dezembro de 2015

01 - O Começo

Constança Urbano de Sousa
(M.A.I.)
Antes de mais, uma nota de boas vindas à nossa Ministra.
Não se lhe esperam tempos fáceis.
Podemos contudo afirmar que, das dificuldades a enfrentar pela Sr.ª Ministra, seremos nós (forças de segurança), os seus principais apoiantes.
Assim ela - e a sua equipa - o desejem.
É fundamental que tudo corra bem, pois no ponto em que todos nos encontramos (a fazer uma maratona de vida sem nunca nos dizerem quais os pontos de reabastecimento, de apoio e onde fica a meta) piorar não é minimamente questionável.
E não serão precisos grandes passos; terá, isso sim, de ter capacidade de audição, visão, ponderação e, acima de tudo, ser capaz de ser célere e justa nas decisões.
A tarefa não será fácil, mas pequenos sinais de apaziguamento e tranquilidade são necessários.
O facto de, quanto à PSP, rapidamente ter decidido quanto ao fardamento a ser utilizado nos próximos tempos, foi um bom começo.