Neste final de ano fala-se de milhões. Não só dos milhões que vamos ficar a arder com o Banif, mas dos milhões das operadoras de comunicações que irão (será que vão?) endossar aos clubes, aos grandes clubes, de futebol. E, como se fala em futebol, obrigatoriamente se fala em segurança; quando se fala em segurança, vem logo a seguir a palavra policiamento e, quando se fala neste, fala-se de serviços remunerados. Quando se fala nisto tudo, fala-se em recursos humanos e material de apoio. Pois numa altura em que se fala de milhões, é preciso, certamente, ter em conta os custos associados aos serviços que PSP presta nesta componente (quase) privada, e ao mesmo tempo pública que é a segurança. A segurança que é pública, mas prestada diretamente a uma entidade privada. Se falarmos dos serviços remunerados, assim, só sem mais, verifica-se que os clubes, até agora têm passado ao lado das despesas reais dos mesmos, ou seja, os clubes estão convencidos que nos pagam, que ainda nos fazem um favor, quando na verdade estão muito longe de chegar ao preço real. Para os mais distraídos é preciso lembrar o seguinte:
1. A Unidade Especial de Polícia (UEP) está em todos os jogos de risco elevado, para além de outros cuja presença também é solicitada. Pergunta-se: quanto é que os clubes pagam à PSP? Resposta: zero euros. É isso mesmo! Disponibilizamos recursos humanos e logísticos e não pagam nada!!!
2. Mesmo quando os clubes pagam aos elementos de folga (os que fazem o serviço remunerado), há uma grande parte de serviços operacionais e de apoio que são feitos com pessoal que não integra a lista do pessoal dos serviços remunerados e que vê, por necessidades logísticas e operacionais, as folgas cortadas. Como consequência, haverá, num momento certo e futuro, a PSP a ter que compensar, em horas, os elementos que deixaram de as gozar, com a consequente retirada de elementos da rua. (Por muito que se negue, é o que realmente acontece).
3. Todo o serviço administrativo, desde a entrada do requerimento para o tal serviço remunerado, até à escala final do policiamento de futebol, é feito a custo zero, ou seja, usamos o pessoal, os computadores, o papel, a luz, a água, etc., tudo a custo zero para os clubes.
Com tanto milhão a ser entregue aos clubes, está na hora da Polícia se meter a caminho e mudar o paradigma, seguindo a velha norma de que "quem quer palhaços vai ter que os pagar", coisa que até ao momento os clubes têm fingido fazer.